A Graça da Gratidão

Antes de tudo, um alerta para vegetarianos de plantão! Não comprem pipoca salgada em Curitiba! Eles colocam BACON na pipoca! ECA!!! rsrsrsrs….

Voltando ao blog, estou desejosa hoje de falar sobre uma sensação que tomou meu coração esses dias:

A Gratidão…

Em alguns momentos do meu dia este sentimento tem tomado meu coração de maneira plena. Sabe, desde que cheguei aqui tenho carregado um sentimento de desajustamento, de incômodo, de insegurança, de “falta de chão”, de uma constante sensação de que a qualquer hora “volto para casa”…

Porém, em lapsos de momento, Krishna também tem me proporcionado grandes  iluminações, meio que abrindo meus olhos da escuridão dos meus  “apegos”.

Primeiro, foi na aula de dança. Entre um exercício e outro, ao me perceber ali naquela sala, com aquelas outras garotas e garotos, aprendendo minuciosamente os segredos da dança, do corpo na dança, no movimento,etc… e estando ali sendo monitorada por uma professora inteligente e sensível, extremamente dedicada e atenciosa, notei que dádiva maravilhosa estava vivendo. Fazendo o que eu amo da melhor maneira possível, recebendo as instruções certas e com total disposição a aprender mais… Enchi-me de total gratidão por aquela oportunidade única. Senti-me lisonjeada por tal dádiva divina.

Mais tarde, neste mesmo dia, veio o segundo sentimento de gratidão. Estava num ensaio vocal do grupo que Brahmarsi está organizando para se apresentar numa fazenda Hare Krishna em São Paulo (eu irei dançar!). Ao ouvir a harmonia das vozes do pequeno grupo, recitando lindos versos em sânscrito que revelam o mais puro e sublime amor por Deus, meu coração se encheu de alegria e novamente agradeci. Estava simplesmente vivendo o que sempre desejei: me dedicar a trabalhar com pessoas voltadas a utilizar tudo o que têm e são no serviço amoroso a Deus.

Por fim, bem mais tarde, já na hora de dormir, tive uma forte crise de cólica à noite, sendo obrigada a passar a madrugada gemendo de dor e fazendo auto-massagens no ventre para ter algum alívio. Porém, em meio a toda a minha agonia, estava Brahmarsi do meu lado, tadinho, sem saber exatamente o que fazer, mas cheio de amor e doçura, tentando falar ou fazer alguma coisa para aliviar minha dor física. Só em olhar para ele e pensar em todos os obstáculos que passamos para estarmos juntos e notar que ele estava ali, sempre tão bem disposto para me ajudar e me proteger, novamente estava eu agradecida, extramamente agradecida e até embaraçada com tanta gratidão que  invadia meu coração.

Como se agradece tantas bênçãos? O que fazer com tantas alegrias no coração? Em mim, só há apenas um desejo de compatilhar este sentimento e oferecer as pessoas que me rodeiam um lapso dessa sensação maravilhosa da gratidão.

Aproveito para pedir a vocês para meditar neste sentimento de gratidão. Pensem se há algo que você possa agradecer ainda que seja o mínimo, do mínimo, do mínimo, do mínimo….

É isso… Até a próxima…

Comments (1) »

Em-Des-per-tar

Este blog por muito tempo se concentrou como espaço de explosão de meus pensamentos, após noites e dias de muito ‘mastigar’ as palavras e as compreensões sobre determinado assunto. Por conta disso, ele acabou sendo espaçadamente atualizado e voltado a temáticas  variadas e pontuais. Bem, outro ponto é que noto que ele é normalmente lido por amigos meus próximos, que sabem o suficiente sobre minha vida – ainda que meu propósito seja falar para qualquer pessoa.

Assim sendo, decidi, agora que estou numa perspectiva diferente da minha vida: livre da faculdade, noiva, morando numa cidade estranha e longe de minha família e amigos, tornar este blog um espaço para falar mais livremente meus pensamentos, grandes e pequenos, de coisas metafísicas a bobagens interessantes do dia-a-dia. Vou deixar mais em aberto minhas palavras para apresentar minhas impressões sobre um olhar espiritual da vida, num ponto tão distinto do momento “ser adulto”.

Desde que cheguei a Curitiba minha mente tem borbulhado pensamentos sobre tudo o que me levou a estar aqui e qual a sensação que estou vivendo neste novo momento. Talvez seria bom falar sobre isso, mas…

…não dá pra se falar de tudo….

…mal consigo expressar realmente meus sentimentos…

Há uma mistura meio louca de insegurança, medo, expectativa, esperança, coragem, introspecção…. Enfim, um bolo, um mosaico do meu “eu” sendo reconstruído a cada dia que acordo e me percebo num espaço tão diferente, lidando com culturas, sotaques, pessoas, casas, chuvas e sóis diferentes.

É uma estranha sensação de sempre acordar e fazer uma retrospectiva de pensamentos para entender porque estou ali. É acordar, acordando ainda para a vida. Acordar na instabilidade, na incerteza do que o dia vai trazer….

Sei que isso pode aparentar ser algo bem chato e difícil, porém, para minha mente este “novo acordar” diário tem me dado muitas realizações espirituais.

Na realidade, fico feliz em notar que o véu ilusório da certeza do dia-a-dia, regrado e igual que se sabe como, onde e porque acordar,  ao ser retirado, me faz pensar mais o quanto sou pequena diante do mundo, o quanto não sou a controladora dos meus dias, da minha vida, dos meus minutos. De fato, essa incerteza do primeiro raio de sol da manhã tem me dado uma liberdade diferente. Algo meio doce, belo, ingênuo. É como se estivesse de coração aberto para ver a vida, para ver o mundo acontecendo. Sinto-me quase um bebê nos braços de Deus, que me desperta e somente no momento certo me diz o que fazer e como fazer. Eu acordo sem perguntas:

“Como será minha vida?” ”Será que conseguirei um emprego?” “Será que formarei uma família?” “Como vou comer?” etc, etc, etc….

Nenhum destes questionamentos me aflige. Estou mais do que nunca no presente.  Vejo um passado bonito, que olho com admiração, e um futuro tal qual uma folha de papel em branco. Mas o presente? O presente é vívido, real, pleno das incertezas mais maravilhosas….

É essa minha vida hoje.

Acordo apenas para v- i – v – e – r…

Comments (1) »

Haiti, não há. Sem máscaras.

Cá estou eu pensando no Haiti. Cá estou tentando orar pelo Haiti. Cá estou eu tentando chorar pelo Haiti…. Mas não consigo.

Até hoje não derramei uma lágrima pelo Haiti, não me assustei com nenhum corpo haitiano que apareceu na TV, não me comovi com nenhuma lágrima, nenhum grito de horror e espanto de um povo sem casa, sem chão, sem comida, sem esperança.

E cá estou eu pensando… Porquê? Porque estou tão dura e inerte, tão insensível e tão indiferente a esta situação?

Gostaria de ter o desejo de sentir algo por essas pessoas.

Gostaria realmente que surgisse algum interesse em meu coração para olhar para elas e orar por elas, mas não há… basta o jornal mostrar mais uma cena da “catástrofe do Haiti”, basta a internet lançar mais uma “novidade” (‘Sobe o número de corpos encontrados depois do terremoto’) para eu mudar de canal, trocar de página, cantar uma canção, fazer outra coisa.

Não sei se vou conseguir explicar o que estou sentindo, mas simplesmente estou cansada de ter pena, de ter dó da humanidade.

Estou cansada de olhar pelo outro só na dor, na fome, no desespero, na morte.

Estou cansada de “salvar os fracos e oprimidos”, de fazer correntes de oração por eles, de desejar “dias melhores”.

Estou cansada desse fetiche que estamos alimentando em, a cada novo desastre, a cada novo inesperado acontecimento causado pelo homem, pela natureza, pelo dinheiro, pelas guerras, trocarmos nossas máscaras felizes e satisfeitas por máscaras tristes e desoladas.

A morte está entre nós todos os dias.

 A dor está entre nós todos os dias.

 O sofrimento, a tristeza, o desamparo, a fome, a sede, o ódio, o desespero está e sempre estará entre nós todos os dias!!!!

Porque estamos sempre querendo um alívio, um sofrimento “a menos”, uma dificuldade “mais fácil”? Não somos felizes na condição que estamos! Nunca! Nem com pouco, nem com muito dinheiro, nem com pouca ou nenhuma comida, nem com a mesa mais farta!

 Tudo é temporário.

Tudo se esvai no tempo.

Ou morre-se hoje, ou amanhã.

 Sofremos hoje pelo Haiti. Queremos o melhor pelo Haiti. Mas basta “tudo voltar ao normal” para esquecermos de toda pobreza, miséria que aquelas pessoas vivem. E elas vivem assim porque deixamos, porque queremos mais do que podemos, porque nos colocamos no centro do mundo, no centro de tudo que existe.

O Haiti precisa existir para que minha vida de pequenos luxos e comodidades permaneça. Existem milhões e milhares de Haitis espalhados pelo mundo existindo graças aos nossos hábitos, a nossa consciência de exploração de um mundo temporário.

Estes Haitis, graças a nós, nunca estarão livres dessa condição, por isso, hoje, meu único desejo não seria chorar por eles, mas encorajá-los a se libertar das garras dessa existência material, fruto das ganâncias e do egoísmo de tantos.

Gostaria de dizê-los que são seres perfeitos, eternos, bem-aventurados, à parte de qualquer dor que este corpo possa trazer.

Queria arrancá-los de suas dores e mostrá-los a beleza de serem além mente, corpo, sentidos e qualquer outra condição temporária.

 Não chore pelo Haiti, não ore pelo Haiti, não tenha pena do Haiti.

O Haiti é aqui (se você quiser).

O Haiti não é aqui (se você quiser).

Comments (1) »

Espreparando-me

Eu sei, você está com pressa. Eu sei, você tem coisas pra fazer. Eu sei, tempo é dinheiro, é compromisso, é cumprir metas, é ser produtivo, produzir bens que talvez num dia sem pressa você possa aproveitar.

Eu também vivi (e por vezes vivo) esta pressa, mas hoje ela parou.

.Eu parei.

Simplesmente parei diante da minha pressa e estou a observá-la.

O que quero? Quais são meus desejos, minhas conquistas? O que é este ser ‘inalcansável’ que ando perseguindo desde o dia que o mundo me encurralou nesta rotina de deveres, horários, agendas, lembretes….?

Estou em off, pause, stand by.
Eu apenas sento e observo e espero.
Sento e observo e espero.
Sento e observo e espero.
Sento e observo e espero.

.Deus está me fazendo esperar mais do que nunca.


Eu já sei o que quero, como quero, o que fazer, mas
de repente este Senhor de Todos os Tempos me refrea e me faz esperar.

“Espera, menina, espera”, parece até que posso ouvir a voz dEle me dizendo isso… E neste estado de espera posso ver tanto, tanto o que ficou em mim, tanto que há nos outros. O que conversamos, como vivemos, como amamos. Vejo como minhas relações foram construídas: uma família meio estranha, amigos meio longe, meio perto, pessoas sofrendo por causa de outras, vivendo para outras, lutando, gritando, rindo, perdendo, ganhando… Todos estão em minha volta tal como num filme,

vivendo, vivendo,

reagindo, reagindo,

dormindo, dormindo,

acordando, acordando,

e nada mais!

 Às vezes só há isso nos corações: nada mais!

E na minha espera sinto uma paz enorme, uma presença divina imensa uma vontade de dar a todos isto que estou sentindo. Para as pessoas que só tem um ‘nada mais!’

Não sei da vontade divina, como ela quer ser satisfeita, completada, feita, praticada, mas estou aqui em espera, em dedicação completa a esta espera. Sinto-me na cautela mais doce do tempo. De repente pareço estar à parte dele e da sua ‘pressa’.

Sinto-me ainda mais inspirada ao reler a história de vida de Srila Prabhupada, mestre fundador do Movimento Hare Krishna que esperou mais de 30 anos para ir ao Ocidente para cumprir a vontade do Senhor Supremo. Nossa! Como ele esperou! Nem 30 anos eu tenho!

.E ele esperou.

Porque havia fé, santidade, convicção, determinação, preparação, entrega a vontade divina. Ele esperou a voz dizer: ‘Vá!’

E estou esperando essa voz, no tempo que for necessário, do que jeito que for necessário:


“Vá Citra, vá…”

Para complementar, palavras de uma serva de Deus sobre esperar:

“Esperar é muito mais difícil do que andar. Esperar requesperoer paciência, e a paciência é uma virtude rara. Quando aprendermos a esperar sempre a orientação do Senhor em todas as coisas, seremos fortes, teremos a força que nos levará a ter um andar sempre equilibrado e constante. Muitos de nós estamos sem o poder que tanto desejamos. Mas Deus nos concede pleno poder para cada tarefa que Ele nos dá. Esperar, manter-se fiel à sua orientação, eis o segredo para obtê-lo. E qualquer coisa que sair fora desta linha de obediência é desperdício de tempo e energias. Esperemos vigilantes pela direção de Deus. Uma pessoa que é obrigada a estar quieta, em inatividade forçada, e vê passar diante de si as ondas palpitantes da vida, será que a existência precisa lhe ser um fracasso? Não. A vitória é para ser conseguida em ficar parado: uma espera tranquila. E isto é muitas vezes mais difícil do que correr nos dias em que podemos estar ativos. Requer maior heroísmo ficar ali e esperar, sem perder o ânimo nem a esperança; submeter-se à vontade de Deus; deixar com os outros o trabalho e as honras dele; ficar calmo e confiante, regozijando-se sempre, enquanto a multidão feliz e atarefada avança e vai embora ”

(Trecho do blog de Ana Paula Valadão)

Leave a comment »

Amor em Rascunho

Quantas pessoas você ama? Mas, ama de verdade, de total coração, de entrega mesmo, de plenitude, que faz você encher a boca para dizer: ‘Eu te amo!’.

 Quantas?

Conte aí:  20, 18…15… menos? Acho que amo umas 12, 13… Não sei… Vamos colocar uma média de 10, certo?

Quantas pessoas existem neste mundo? De acordo com Mr. Wikipédia, 6.600.000.000 pessoas neste planetinha Terra. Porque não conseguimos ou não queremos ou até não nos interessamos em amar as  6.599.999.990 restantes?

Tudo bem, eu sei que é um pouco exagerado, afinal, mesmo que você vivesse milhões de anos, talvez não fosse capaz de conhecer essas tais 6.599.999.990 pessoas restantes.

Diminuindo um tantinho: Quantas pessoas moram no seu bairro, quantas pessoas trabalham ou estudam com você? Quantos amigos dos seus amigos você conhece, vizinhos de seus vizinhos, parentes de seus parentes e etc, etc, etc…

Afinal, qual critério nós criamos para amar alguém? Quais os motivos, as razões que depositamos para amar alguém? Talvez, pelo menos, conhecer a pessoa, quem ela é, o que gosta, onde mora, quais são seus valores, suas escolhas, sua índole, seu caráter. Depois acho que percebemos de que modo aquela pessoa nos traz algo bom, seja numa conversa, num passeio, num cuidado, numa atenção, num gesto de carinho e educação. Aí acho que damos espaço para + 1  pessoa entrar no nosso coração e aí a amamos…

Tão rápido, tão simples, tão premeditado, tão conveniente…

Por que precisamos de razões para amar? Porquê? Por que precisamos que determinadas pessoas nos dêem prazer, satisfaçam nossas vontades, preencham nossos vazios para amá-las?

E se elas não fizerem isto, elas não serão dignas do nosso amor? 

Revisando esta idéia de amor. Estou querendo aprender um novo amor. Um amor sem motivos, amor por ser assim parte de mim e de todos porque parece ser este o sentimento mais comum da vida animal, vegetal e humana. Sempre há um pouquinho disso em nós. Mas como vou amar os outros sem minhas conveniências e como demostrar um verdadeiro sintoma de amor para alguém?

Será que abraçando-a, estou amando-a?

Será que dizendo seu nome, estou amando-a?

Será que sendo gentil e educada, estou amando-a?

Não há como fugir… Não há possibilidade de amor sem compaixão. Por favor, não a compaixão que está na nossa mente: caridade, bondade, talvez, pena…

Compaixão com plenitude e desejo de amar de verdade o outrem de entregar ao outrem um tesouro precioso, não porque ele é nosso ‘preferido’, ou porque me relaciono com ele, ou porque ele me diverte, me faz feliz! Não é dar algo só por saber que vai haver uma troca. E se não houver? E se só você der?

Ainda que o outro não goste, não queira,

 ainda que o outro não te ame!

Você aceita dar algo a alguém que não te ame, que não te agrade?!

Só vamos rasgar o véu do ego falso, da indiferença, do isolamento, da apatia, das conveniências com esta espada pesada, difícil de carregar, mas cheia de esplendor e prontamente afiada da Compaixão

Sri Caitanya Mahaprabhu, um encarnação de Deus neste mundo nos ensinou:

“Deve-se cantar o santo nome do Senhor num estado de espírito humilde, julgando-se inferior a palha na rua. Deve-se ser mais tolerante que a árvore, desprovido de todo sentido de falso prestígio e deve-se estar sempre pronto a oferecer todo o respeito aos outros. Neste estado de espírito pode-se cantar o santo nome do Senhor constantemente.” (Sri Sri Shikshastaka, verso 3)

Repitam essas palavras todos os dias e vejam se seu coração já aceitou esta condição: a Compaixão.

Um Teste:

Olhe pra estas pessoas e diga para si mesmo porque não as ama(!):

2

 


 

4576

Comments (1) »

Ô Senhor Trauma, faça as pazes com seu Karma!

TraumaPerdoe-me os psicólogos, psiquiatras e afins, mas hoje condenarei suas teorias, seus salários e mais ainda, seus pacientes, afinal, porque o queremos?

 Para falar que “meu pai não me ama, que minha mãe não liga pra mim, que meu irmão tem raiva de mim, que minha irmã tem inveja de mim e blá, blá, blá…”

Queremos só falar, discutir, questionar, perguntar ao nosso umbigo: “porque tenho este bendito karma?”, em outras palavras, porque nasci nessa família, porque faço parte da vida dessas pessoas que entupiram minha mente de traumas, que construíram essa personalidade meio torta, meio vazia..? Onde eu estava com minha cabeça para ter ganhado este bendito karma que controla meus pensamentos, que conduz minha mente, meus relacionamentos, que endurece meu coração e que, mais ainda, me impede de ver este tal ser espiritual em tudo e todos?!

Como vou ver isso em meio a essa camada espessa, grossa, densa de pais, mães, tias, tios, avós, avôs complexados, loucos, doentes, mais traumatizados que eu?!

 Parece que sempre há essa justificativa tola da mente na hora que precisamos mudar: ‘sou assim porque fui maltratado na infância…’; ‘não me dou bem com meu pai por isso sou fria e calculista’; ‘sou nervosa porque estou liberando a repressão que sofri na adolescência’.

Bah! Desculpe-me ser humano complexado, mas isso nada mais são que desculpas! Desculpas para fugir da realidade, para justificar os erros, pra continuar sendo a mesma coisinha pequena e infeliz de sempre! Cansei das desculpas, dos discursos dos traumas, das justificativas psico-socio-patas-mentais!

Ei, alma surpreendente! Faça as pazes com seu karma. Olhe pra ele e diga simplesmente:

“Eu me rendo. Você existe, eu existo, mas sou surpreendente, sou uma alma surpreendente e logo estou em paz com você. Não brigo, não discuto, não reclamo, NEM tento entendê-lo. Sua condição é ser meu karma e minha condição é ser mais que você. Fazemos as pazes!”

Alguns consideram a alma surpreendente, outros descrevem-na como surpreendente, e alguns ouvem dizer que ela é surpreendente, enquanto outros, mesmo após ouvir sobre ela, não podem absolutamente compreendê-la

 (Bhagavad Gita, Cap. 2, verso 29)

 Você não é seu karma, você só é S U R P R E E N D E N T E!

Comments (2) »

Vi estes olhos num sonho

 

Verdade! vi estes olhos num sonho… um teatro e Ela me olhava vividamente e um dia…

citra2

… me tornei Dela.

 

Leave a comment »

Um ComplEto Eco

Só hoje, só agora, só por um segundo em não queria me esforçar, me cansar, me gastar em busca da felicidade.

Queria dormir sem desejar bons sonhos, acordar sem querer que a comida apareça, a água desça, o transporte chegue, o dinheiro aumente, a linha do tempo pare e eu respire…

Sem busca, sem direção, sem tentativas. Só acordar e dar um passo de cada vez e descolar-me deste ser mísero de pequenos desfrutes e lamentações.

Queria dar espaço para o que há mais em mim, o que há demais em mim, o que há de além de mim.

caverna

“Neste mundo material, todo materialista busca obter felicidade e diminuir sua aflição. Na verdade, entretanto, as pessoas são felizes enquanto não buscarem a felicidade. Quando alguém busca obter felicidade, sua condições aflitivas começam.”

Um dia, há milhões de anos atrás, um criança de cinco anos de idade disse isso.

E hoje, num dia qualquer, eu queria ser só isso.

.Um eco nos meus pensamentos da felicidade. 

(Ai! E como queria mostrar a tantos os seus ecos mais completos!)

Leave a comment »

o dEUs

Muitas vezes escrevo aqui diversos pensamentos que perambulam minha mente ao longo do dia. Pensamentos, opiniões, idéias –  expressões do eu, basicamente. Um eu-mosaico, de fato, numa mistura do que acredito, do que leio, do que me falam, do que aprendo. Um eu-bom, -ruim, -feio, -bonito -agradável, -sorridente, -angustiado, -obstinado, -inteligente e -etc, -etc, -etc…  No final são só vários ‘eus’. Queria poder hoje falar de muitas coisas sem este ‘eu’. Queria, como diz uma canção: ‘me esvaziar de mim’ e me preencher de coisas que nem sei se acredito, concordo,aceito, desejo. Escrever sem mim, sem a minha presença, sem a minha opinião, razão, argumento. É  claro, também, que não adianta transcrever um texto ou qualquer coisa do tipo. Eu queria experimentar estar aqui e escrever/apagar/escrever/apagar/escrever/apagar quantas vezes fosse necessário até que meu ‘eu’ explícito ou oculto d.e.s.a.p.a.r.e.c.e.s.s.e…

Como fumaça no vento…

Começando a jornada de exterminação dos ‘eus’, inicia-se a terceira pessoa  do singular que pode ser qualquer um e ninguém.

Às vezes, na construção das identidades neste mundo ( tantas são, de acordo com cada nome que se recebe: ‘filho’, mãe’, ‘namorado’, irmão’, etc… com cada grupo social que se está ligado: ‘professor’, feto_dedo‘cozinheira’, ‘torcedor’, etc..) surgem infinitos mosaicos do ser que estão em contínua exibição, tais como produtos em vitrines. Se está entre amigos, expõem-se  a pessoa tranqüila, camarada, cheia de intimidade e misturado as velhas, iguais e imbatíveis jocosas brincadeiras para passar o tempo. Se está na faculdade, apresenta-se o ser crítico, opinativo, argumentador, cheio de cautela intelectual e linguajar afiado. Se está sozinho, outro ser mais frágil e menos imponente se apresenta e reclama de si, justifica as falhas, se vê feio, bonito, interessante, desprezível. Enfim, o ser está sempre sendo, sempre almejando atuar no centro da vida, das vidas alheias, das vidas vizinhas, comadres, compadres, desconhecidas, estranhas. O ser está ali querendo sua própria presença para apresentar mais um fato, idéia, importância, relevância que permite mostrar mais o  ser ‘só sendo’. E este ser só se faz assim tão vivo e pleno por um caminho: o discurso. Escrito, oral, cibernético, imagético, o discurso nada mais é que dois seres ou mais querendo ser mais o centro , querendo ser mais a razão, o desfecho, aquilo que alimenta a idéia de querer sempre ser. Se expressar num discurso não é falar em si das coisas, do mundo, dos fatos, é só ser o ser. E este se constrói de maneira tal pela premissa da comparação. São nos processos de comparação que o ser se transforma para ser aceito, bem visto, ajustado as realidades. Ele compara e se ajusta para não sair do centro do discurso da vida.

É… o ser só quer ser ‘eu’, talvez para ser só dEUs.

 Aí vem o desafio: que tal tirarmos este ser? Assim como eliminei provisoriamente os meus ‘eus’?

Já experimentou se expressar sem você (no desejo ardente de ser aceito, amado, observado favoravelmente) estar presente?

Já tentou falar sem você estar presente no seu próprio discurso, sem opiniões, concordos e discordos variados?

Se se esvaziar, o que fica? Alguém fica? Há algo para ficar?

“Tal surpresa foi notar que pouco restou…”

(continua…)     

Comments (1) »

O Amor do Erro

Errar é humano. Essa é uma frase que todos nós repetimos, mas quando vivemos isso (cometendo ou observando erros) nos coracaosentimos um tanto perplexos, às vezes tristes, às vezes desapontados. Mesmo que sejamos os piores dos piores, nosso desejo sempre é de acertar, de satisfazer aos outros ou a nós mesmos. Parece que quando acertamos provamos algo para as pessoas ou podemos sentir o que é sermos amados. Vivemos numa rede complexa, misturada de corações, sentimentos, emoções, vontades nossas, alheias onde ora ou outra estas ligações nos trazem alegria, ora nos trazem tristezas.

As escrituras védicas afirmam que nós temos 4 defeitos: sentidos imperfeitos, propensão a enganar e ser enganados e propensão a errar. De fato, o simples fato de termos sentidos imperfeitos no faz termos a propensão a enganar os outros e a nós mesmos e, mais ainda, a propensão a errar. Quantas e quantas vezes fingimos ser algo que não somos por achar que assim poderíamos agradar as pessoas, mostrarmos algo de bom para que pudéssemos nos sentir mais amados, mais queridos? Parece um tanto contraditório esta luta por querer amar e ser amado e no meio disso tudo sermos propensos a cometer tantas besteiras.

Na vida espiritual esta situação se repete. Cometemos erros, deslizamos, somos propensos a enganar, mas tudo isso ocorre com o diferencial de que nosso desejo maior, nosso objeto de amor é a fonte de todo amor, é a fonte de tudo que sentimos e almejamos. E aí as coisas ficam mais difíceis. Como provar a este Ser nosso amor? Desejamos tanto isso, talvez como uma forma de agradecimento ou de expressão da nossa alegria por tantas e tantas bênçãos que Ele nos ofereceu, mas ainda assim erramos e erramos feio. Meu coração às vezes fica um tanto angustiado pensando sobre como tantas vezes tive a oportunidade de não errar e errei. Quantas e quantas vezes minha Inteligência estava clara e lúcida para perceber o que aconteceria se eu repetisse aquele erro, porém, ainda assim não pude ter força o suficiente para evitá-lo.  E como Krishna observa isso? Será que Ele me repreende? Será que Ele gosta menos de mim ou ‘vai pensar duas vezes’ antes de me oferecer algo, antes de me dar algo que desejo? A resposta desta pergunta veio através de um livro de um grande servo do senhor, Bhakti Tirtha Swami:

“O Senhor olha para nossa capacidade e nossa habilidade. Ele compreende todas as nossas limitações e nos julga conforma utilizamos genuinamente o que temos. Esta escola do amor é maravilhosa. No mundo material, constantemente temos de enfrentar diferentes ataques, mas a escola do amor pode nos lembrar de nosso propósito mais elevado. Mesmo que aparentemente não tenhamos dinheiro, saúde, ou apoio suficientes, nós podemos compreender que, no final, isto não importa porque o guerreiro espiritual sabe que nada pode parar o amor de Deus. E nada pode deter nossa chance de também sermos tão amorosos quanto possível. Cada momento é uma chance de dar e receber mais amor.”

(‘Guerreiro Espiritual II’)

Esta frase: ‘Cada momento é uma chance de dar e receber mais amor’, me tocou muito, pois nunca vi no erro a oportunidade de dar e receber amor. Para mim nenhuma ‘desculpa’, ‘perdão’ era suficiente para acalmar meu coração e ver meu erro e o erro alheio como uma expressão de amor, ou uma expressão de amar algo. Não cometemos erros porque gostamos, cometemos porque queremos ser amados, porque queremos dar amor, porém, muitas vezes, não sabemos fazer isto da maneira certa, não escolhemos o caminho certo para isso. Eu desejo que, ainda não minha impossibilidade de entender profundamente esta relação de amor incondicional que Deus, Krishna, tem por nós, eu possa aprender a ver todos os momentos da minha vida como formas de dar e receber amor…

Eu desejo que escrever estas palavras e me expor desta forma seja uma maneira de expressar meu amor a todos os conhecidos e desconhecidos que perambulam neste espaço.

Que um dia eu possa mostrar que minha expressão maior de amor é falar da fonte de Todo amor…

Leave a comment »