Em-Des-per-tar

Este blog por muito tempo se concentrou como espaço de explosão de meus pensamentos, após noites e dias de muito ‘mastigar’ as palavras e as compreensões sobre determinado assunto. Por conta disso, ele acabou sendo espaçadamente atualizado e voltado a temáticas  variadas e pontuais. Bem, outro ponto é que noto que ele é normalmente lido por amigos meus próximos, que sabem o suficiente sobre minha vida – ainda que meu propósito seja falar para qualquer pessoa.

Assim sendo, decidi, agora que estou numa perspectiva diferente da minha vida: livre da faculdade, noiva, morando numa cidade estranha e longe de minha família e amigos, tornar este blog um espaço para falar mais livremente meus pensamentos, grandes e pequenos, de coisas metafísicas a bobagens interessantes do dia-a-dia. Vou deixar mais em aberto minhas palavras para apresentar minhas impressões sobre um olhar espiritual da vida, num ponto tão distinto do momento “ser adulto”.

Desde que cheguei a Curitiba minha mente tem borbulhado pensamentos sobre tudo o que me levou a estar aqui e qual a sensação que estou vivendo neste novo momento. Talvez seria bom falar sobre isso, mas…

…não dá pra se falar de tudo….

…mal consigo expressar realmente meus sentimentos…

Há uma mistura meio louca de insegurança, medo, expectativa, esperança, coragem, introspecção…. Enfim, um bolo, um mosaico do meu “eu” sendo reconstruído a cada dia que acordo e me percebo num espaço tão diferente, lidando com culturas, sotaques, pessoas, casas, chuvas e sóis diferentes.

É uma estranha sensação de sempre acordar e fazer uma retrospectiva de pensamentos para entender porque estou ali. É acordar, acordando ainda para a vida. Acordar na instabilidade, na incerteza do que o dia vai trazer….

Sei que isso pode aparentar ser algo bem chato e difícil, porém, para minha mente este “novo acordar” diário tem me dado muitas realizações espirituais.

Na realidade, fico feliz em notar que o véu ilusório da certeza do dia-a-dia, regrado e igual que se sabe como, onde e porque acordar,  ao ser retirado, me faz pensar mais o quanto sou pequena diante do mundo, o quanto não sou a controladora dos meus dias, da minha vida, dos meus minutos. De fato, essa incerteza do primeiro raio de sol da manhã tem me dado uma liberdade diferente. Algo meio doce, belo, ingênuo. É como se estivesse de coração aberto para ver a vida, para ver o mundo acontecendo. Sinto-me quase um bebê nos braços de Deus, que me desperta e somente no momento certo me diz o que fazer e como fazer. Eu acordo sem perguntas:

“Como será minha vida?” ”Será que conseguirei um emprego?” “Será que formarei uma família?” “Como vou comer?” etc, etc, etc….

Nenhum destes questionamentos me aflige. Estou mais do que nunca no presente.  Vejo um passado bonito, que olho com admiração, e um futuro tal qual uma folha de papel em branco. Mas o presente? O presente é vívido, real, pleno das incertezas mais maravilhosas….

É essa minha vida hoje.

Acordo apenas para v- i – v – e – r…

1 Response so far »

  1. 1

    Jaqueline said,

    Citra,

    como fico feliz em ler as suas palavras… elas são tão radiosas para mim e me queimam como o sol. Sempre me fazem pensar e refletir sobre mim, sobre as minhas dúvidas e anseios da minha vida.
    Gostaria de ter um pouco da tua sabedoria para poder ser mais consciente do quão pequena eu sou neste mundo tão grande.
    Mas tuas palavras sempre me reconfortam, sempre me deixam mais feliz…

    O meu “me tornar adulto” é completamente diferente do seu; enquanto você ganhou asas, como uma borboleta – ou na verdade já não as tinha?”- e voou para o seu caminho e tudo aquilo que você acredita, eu ainda me perco no meu turbilhao de sentimentos, nas minhas incertezas, dúvidas e toda a sorte de devaneios que se passam em minha mente.

    Porém, por ter compartilhado com você momentos preciosos de lucidez hoje, graças a Krishna, consigo desanuviar mais mais todas essas emoções que passam por mim, apesar de ser filha da água e tão inconstante quanto ela.

    Só mais uma vez eu tenho que te agradecer por tudo, por nada e pelo o grande bem que você faz à minha vida.

    Não deixe de escrever e de encher minha “estranha” vida de alegria.

    Te amo.

    Jaque, sua filhinha.


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