O Amor do Erro

Errar é humano. Essa é uma frase que todos nós repetimos, mas quando vivemos isso (cometendo ou observando erros) nos coracaosentimos um tanto perplexos, às vezes tristes, às vezes desapontados. Mesmo que sejamos os piores dos piores, nosso desejo sempre é de acertar, de satisfazer aos outros ou a nós mesmos. Parece que quando acertamos provamos algo para as pessoas ou podemos sentir o que é sermos amados. Vivemos numa rede complexa, misturada de corações, sentimentos, emoções, vontades nossas, alheias onde ora ou outra estas ligações nos trazem alegria, ora nos trazem tristezas.

As escrituras védicas afirmam que nós temos 4 defeitos: sentidos imperfeitos, propensão a enganar e ser enganados e propensão a errar. De fato, o simples fato de termos sentidos imperfeitos no faz termos a propensão a enganar os outros e a nós mesmos e, mais ainda, a propensão a errar. Quantas e quantas vezes fingimos ser algo que não somos por achar que assim poderíamos agradar as pessoas, mostrarmos algo de bom para que pudéssemos nos sentir mais amados, mais queridos? Parece um tanto contraditório esta luta por querer amar e ser amado e no meio disso tudo sermos propensos a cometer tantas besteiras.

Na vida espiritual esta situação se repete. Cometemos erros, deslizamos, somos propensos a enganar, mas tudo isso ocorre com o diferencial de que nosso desejo maior, nosso objeto de amor é a fonte de todo amor, é a fonte de tudo que sentimos e almejamos. E aí as coisas ficam mais difíceis. Como provar a este Ser nosso amor? Desejamos tanto isso, talvez como uma forma de agradecimento ou de expressão da nossa alegria por tantas e tantas bênçãos que Ele nos ofereceu, mas ainda assim erramos e erramos feio. Meu coração às vezes fica um tanto angustiado pensando sobre como tantas vezes tive a oportunidade de não errar e errei. Quantas e quantas vezes minha Inteligência estava clara e lúcida para perceber o que aconteceria se eu repetisse aquele erro, porém, ainda assim não pude ter força o suficiente para evitá-lo.  E como Krishna observa isso? Será que Ele me repreende? Será que Ele gosta menos de mim ou ‘vai pensar duas vezes’ antes de me oferecer algo, antes de me dar algo que desejo? A resposta desta pergunta veio através de um livro de um grande servo do senhor, Bhakti Tirtha Swami:

“O Senhor olha para nossa capacidade e nossa habilidade. Ele compreende todas as nossas limitações e nos julga conforma utilizamos genuinamente o que temos. Esta escola do amor é maravilhosa. No mundo material, constantemente temos de enfrentar diferentes ataques, mas a escola do amor pode nos lembrar de nosso propósito mais elevado. Mesmo que aparentemente não tenhamos dinheiro, saúde, ou apoio suficientes, nós podemos compreender que, no final, isto não importa porque o guerreiro espiritual sabe que nada pode parar o amor de Deus. E nada pode deter nossa chance de também sermos tão amorosos quanto possível. Cada momento é uma chance de dar e receber mais amor.”

(‘Guerreiro Espiritual II’)

Esta frase: ‘Cada momento é uma chance de dar e receber mais amor’, me tocou muito, pois nunca vi no erro a oportunidade de dar e receber amor. Para mim nenhuma ‘desculpa’, ‘perdão’ era suficiente para acalmar meu coração e ver meu erro e o erro alheio como uma expressão de amor, ou uma expressão de amar algo. Não cometemos erros porque gostamos, cometemos porque queremos ser amados, porque queremos dar amor, porém, muitas vezes, não sabemos fazer isto da maneira certa, não escolhemos o caminho certo para isso. Eu desejo que, ainda não minha impossibilidade de entender profundamente esta relação de amor incondicional que Deus, Krishna, tem por nós, eu possa aprender a ver todos os momentos da minha vida como formas de dar e receber amor…

Eu desejo que escrever estas palavras e me expor desta forma seja uma maneira de expressar meu amor a todos os conhecidos e desconhecidos que perambulam neste espaço.

Que um dia eu possa mostrar que minha expressão maior de amor é falar da fonte de Todo amor…

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