Archive for novembro, 2008

Os dois, as duas

Algo tem se tornado muito comum para mim esses dias: encontrar pessoas com dúvidas. Quando falo dúvidas não me refiro há uma mera dificuldade de entender ou lidar com algo. São dúvidas mais difíceis e complicadas: as dúvidas da escolha. Sabe aqueles momentos da sua vida em que você se vê diante de dois? ou duas? Aquele momento em que você realmente se sente dono de seu destino, porém, depois da escolha, totalmente a mêrce dele? O pior é que os dois caminhos ou as duas opções normalmente nesses momentos são qualitativamente válidos com suas vantagens e desvantagens, porém, aparentemente você sabe um pouco a que futuro cada um deles vai te levar e aí vem o momento crucial: o que quero para o meu futuro?

No Bhagavad Gita é dito que a inteligência daqueles que são irresolutos tem muitas ramificações. Essa parece ser basicamente nossa condição nesta situação: mil e uma ramificações sem começo, nem fim que nos deixam um tanto confusos e perdidos. O Gita explica que isso surge de uma pessoa irresoluta, ou seja, não resolvida, não esclarecida do que quer. Porém, como vamos saber o que queremos? De fato, estes momentos parecem nos mostrar que nada sabemos sobre o querer, sobre nossas vontades, sobre porque, o que, como e para quê desejamos algo. Resumindo, nossos desejos, que são frutos de tantas e tantas situações desde frustrações, traumas, experiências boas, exemplos pessoais na nossa vida, fazem com que, nestes momentos, reconhecemos que não sabemos desejar ou não sabemos a dimensão do quanto isso nos afeta. E aí vem o pensamento que eu queria expor diante do que pude observar em mim e nas pessoas que estão nessa condição irresoluta: não temos referência! Não temos nada que nos guie para de certa forma canalizar nossos desejos para algo que possivelmente nos oferecerá a sensação de que entendemos porque fizemos determinada escolha, porque temos pelo menos alguma referência. Quando falo referência penso em todos os aspectos morais, éticos, religiosos, etc… Penso no que nos diferencia dos animais, no que nos possibilita crescer como seres humanos e sermos pessoas melhores. Penso no que vou construir aqui, o que vou deixar para as futuras gerações.

No Bhagavad Gita é dito que a ação é composta de cinco elementos: o esforço, a corpo, o eu, os sentidos e Deus. O eu deseja, o corpo atua, os sentidos acompanham, o esforço acontece e Deus possibilita com que a ação seja executada. Este processo descreve basicamente o caminho do tal livre-arbitrio. Esta é a nossa liberdade: a escolha. E Deus, Krishna, de acordo com o nosso karma, nos dá permissão de agir como desejamos, porém, Ele também permite com que a lei natural da ação-reação aconteça para que possamos compreender quais são as conquências de nossas ações e assim possamos notar que há uma necessidade de referência nas nossas escolhas. Bem, e se a situação for um pouco diferente? Se eu tenho um desejo, porém antes de executar, através da ação, este desejo eu peço antes a Krishna que me oriente, que me dê a referência do que deve ser feito, será que as coisas mudam? Sim, principalmente porque Krishna está acima das leis do Karma e assim ele possui um cuidado especial aqueles que querem agir em nome de Sua vontade. Esta é minha referência de vida: Krishna. Tenho um milhão de dúvidas do que quero, dos meus desejos, das minhas escolhas, porém, quando me vejo nesta situação dos dois ou duas eu escolho um: Krishna. Se alguns destes caminhos me mostrarem a possibilidade de conhecer, de servir e amar a Krishna eu sei que posso encontrar verdadeira satisfação, mesmo que seja um caminho de pedras, pedregulhos e grandes muros.

“Quando a inteligência, a mente, a fé e o refúgio de alguém estão todos fixos no Supremo, então, através do conhecimento pleno, ele purifica-se por completo dos receios e desse modo prossegue resoluto no caminho da liberação”

(Bhagavad Gita, Capítulo 5, verso 17)

Eu não sei qual é a sua referência e não estou aqui obrigando que seja a mesma que a minha, porém, gostaria que pensássemos a importância de haver uma, alguma, ou uma mínima referência na nossa vida sabendo entender a valor de nosso livre-arbítrio. Busque sua referência  e veja a que caminhos ela vai te conduzir…   

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Dentro do prisma

Leram a musiquinha, amiguinhos? muita boa, não? mas, mais do que uma boa música, ou uma boa letra, esta reflete uma abordagem sobre a nossa existência neste mundo. Onde estão as suas cores? Quais são a suas cores? Ou melhor, qual o prisma de sua vida e quais cores ele faz refletir? São as cores do amor inalcançável, do emprego bom, da família ideal, do fim das dores e lamentações, do viver o agora, o minuto intensamente, do prazer intenso, sem muito o que pensar, a entrega a vida incompreensível, mas,” se é assim, por que não aceitá-la?”

Acho que um dos maiores defeitos do ser humano está na sua necessidade constante de encontrar naturalidade em tudo: comer é natural, dormir é natural, sentir dor é natural, ser burro, ser inteligente, ser branco, negro, mulato, ser homem, ser mulher, ser este conjunto isntantâneo de átomos, moléculas, tecidos, órgãos, sistemas, esqueleto é muito, muito, muito natural, e, claro, morrer é natural! Simples assim! Será que as cores da nossa existência são o reflexo de nosso medo em querer enfrentar uma realidade um tanto estranha e dificil? Tantas e tantas pessoas que convivo me questionam muito a idéia de Deus, alma, espírito, essas coisas, porque não conseguem comprovar a existência delas, pois, para eles, apenas diante disso, eles seriam capazes de acreditar nelas(em outras palavras, apenas quando Deus, alma e espírito forem coisas “naturais”, elas poderão ser críveis). Mas será possível acreditar que você, logo você, que tem tanto conhecimento, que tem tantos sentimentos, que ama, odeia, duvida, teme, que parece ser tão igual  a tantos, mas, sempre é único, é singular nos seus erros, acertos e antipatias, pode  ser resumido a no máximo 100 anos de existência? Você é só o tempo? A criança, o jovem, o adulto, o velho, o muito velho e depois o nada?!É o que você é? Só isso? Que prisma de existência cruel é este que te resume a tão pouco?

E o que os resolutos dizem?

além das poeiras da consciência

está o caleidoscópio da luz

m.u.l.t.i.c.o.l.o.r.i.d.a.

 

emitida pela ALMA”

 

A luz de suas cores (boas ou ruins) vêm da alma, é ela que dá vida as cores da sua existência: o vermelho da vontade de amar plenamente, o azul do desejo de ser feliz, o amarelo da saudade das coisas temporárias (e porque são temporárias?), o verde do vazio, da sensação de querer mais do que sobreviver ao “dia após dia”, o rosa da sensação de algo maior, mais amplo, mas tão desconcertante, tão impressionante que você nem sabe onde começa ou termina. É a alma brilhante que emana a luz dessas cores, deste prisma meio estranho que refletem as cores meio tortuosas. Será que um dia descobriremos as verdadeiras cores? Será que enxergaremos a presença da m.u.t.i.c.o.l.o.r.i.d.a ALMA?

E eu continuo pensando nas cores…

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Música pra pensar

Tenho ouvido poucas músicas de um tempo pra cá, pois são poucas as que me despertam o interesse, como essa que estou passando para vocês. Leiam a letra, pois, logo mais, conversaremos sobre as verdadeiras cores da existência…

Onde estão as Cores?

 

 

Onde estão as Cores?

Onde estão as Cores?

Onde estão?

 

Cores da vida-cristal

Prismar o que sinto

Fabular nas ações

bem intencionadas, porém

 

lágrimas, suores, salivas, urina

são só manchas fluídas

marcadas neste dia-a-dia

(que) adia há dias dias mais felizes

É certo que encontro no certo futuro o arco-íris

 

Esquecendo-me da lente opaca

com manias que impedem ver além das cortinas do falso-espectro,

insisto na pseudo-célebre missão de encontrar pelo amor

que lá fora me espera

 

Onde estão as Cores?

Onde estão as Cores?

Onde estão?

 

Crendo em descrer no invisível

cansei da rotina

         roda, gira, cala, grita

a dor regida pela busca insana da alegria fria

e silencia a voz interna que suplica:

PARE e reflita:

“Que dizem os grandes que são resolutos sobre o viver feliz?”

 

Realmente dizem que:

“além das poeiras da consciência

está o caleidoscópio da luz

m.u.l.t.i.c.o.l.o.r.i.d.a.

emitida pela ALMA”

 

Onde estão as Cores?

Onde estão as Cores?

Onde estão?

 

CÁ estão as Cores!

Cá estão as Cores!

Cá estão!

 

“Permeie a luz da alma em tua consciência

e reflita as cores de tua real existência”

Gostaram da letra? Então ouçam a música:

http://www.myspace.com/caminhovaikuntha

 

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Os olhos do conhecimento

7. As entidades vivas neste mundo condicionado são Minhas eternas partes fragmentárias. Por força da vida condicionada, elas empreendem árdua luta com os seis sentidos, entre os quais se inclui a mente. 8. Assim como o ar transporta os aromas, a entidade viva no mundo material leva de um corpo para outro suas diferentes concepções de vida. Com isso, ela aceita uma espécie de corpo e ao abandoná-lo volta a aceitar outro. 9. A entidade viva, aceitando esse outro corpo grosseiro, obtém um certo tipo de ouvido, olho, língua, nariz e sentido do tato, que se agrupam ao redor da mente. Ela então desfruta um conjunto específico de objetos dos sentidos. 10. Os tolos não conseguem compreender como a entidade viva pode abandonar seu corpo, nem conseguem entender a espécie de corpo que ela usufruirá sob o encanto dos modos da natureza. Mas aqueles cujos olhos estão treinados em conhecimento pode ver tudo isto. 11. Os transcendentalistas diligentes, que estão em auto-realização, podem ver tudo isto com bastante clareza. Mas aqueles cujas mentes não são desenvolvidas e que não estão situados em auto-realização não podem ver o que está acontecendo, mesmo que tentem. (Bhagavad-Gita)

Estes versos do capitulo 15 do Bhagavad Gita descrevem bem a idéia de “olhos do conhecimento” que citei anteriormente. O que devemos olhar? Onde depositaremos nosso olhar? Primeirante vem a idéia de uma luta árdua com os sentidos e a mente sendo que eles são frutos de concepções de vidas pasadas que se refletem agora. Ouvidos, bocas, nariz, sensações, emoções, traumas, fobias, todas essas coisas que envolvem a mente e os sentidos, ou que definem nossa personalidade são frutos dos pensamentos que cultivamos durante vidas e vidas. Assim, concluindo aquele pensamento sobre felicidade e tristeza, pude perceber que as minhas alegrias e insatisfações eram frutos da minha personalidade, ou deste “fruto de pensamentos de vidas passadas” que sou. Quando falo dessa ligação, estou abordando das duas formas: minha personalidade define o que me faz ou não feliz, o que me abate, o que me alegra, o que me importa ou não, e ao mesmo tempo, a cota de felicidade e tristeza que recebo também é resultado do que fiz em vidas passadas. Um pouco complexo, né? Isso que falei resumidamente seria a tal lei do karma que falamos tanto e mal compreendemos. A questão não é ter bom ou mau karma, pois este traz tanto o bom quanto o mau para nós, e isto acontece na medida da qualidade de nossas atividades. Aquela velha idéia de que “colhemos o que plantamos…” Então, como os “olhos do conhecimento” vão me ajudar a sair daquele drama bem apresentado por Vinicius de Moraes em seus poemas? Bem, colocar esta nova visão em mim, realizando-a por completo é entender até que ponto eu sou aquilo que sinto, aquilo que me atinge, que me perturba. Será que sou aquilo? Será que sou aquela dor, ou aquela alegria? Na verdade, de fato, parecemos está a mercê dessas emoções, mais do que a possuimos (não tenho tristeza, ou alegria, sou o produto da alegria, da felicidade, da aflição). Parece que elas são tão temporárias quanto os objetos em nossa volta, quanto nossos desperatodores que um dia se quebrarão, como a comida que um dia será digerida, como como todas as coisas que nos rondam e são transformadas, colocadas em novos ciclos. Aí está o ponto. Em que novos ciclos colocarei estes sentimentos antagônicos? Talvez no ciclo da compreensão do porquê da existência deles, de eles serem resultados do karma, do olhar sobre as concepções do “eu sou” neste vida (frisa-se  aqui que já fui e provavelmente serei muitos “eu sou”s) e assim nasce o caminho das indagações da existência: quem eu sou? de onde vim? para onde vou?. Bem, depois de percorrer este caminho, acabo até me esquecendo o que foi mesmo que me deixou feliz ou triste, tudo, de repente, não mais que de repente, se torna outra coisa, uma coisa maior, uma coisa diferente..

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