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O Tempo 26

O que muitas vezes eu escrevo neste blog são análises minhas baseadas no processo espiritual que sigo. Porém, hoje, o que vou escrever trata-se mais de uma confissão, uma exibição de uma fraqueza minha que sempre aparece na minha mente na época em que mudo de idade.

Aniversário para mim remete imediatamente a idéia de tempo e da relação confusa e estranha que tenho com este.

Desde nova nunca entendi bem o tempo.

Sempre me senti um boneco nas mãos dele principalmente na época em que as mudanças corpóreas (inevitáveis) da adolescência apareceram. Como nasci na geração da TV, sempre estive a espera do que tempo ia me oferecer porque com tantas informações que tinha (graças as infinitas novelas e filmes que assisti) já sabia onde, como e porque aquelas coisas estariam acontecendo comigo.

O tempo veio, me transformou, mas não mudou essa relação de “esperar”

“O que mais este bendito tempo vai me trazer?!” 

Depois, na idade adulta, veio a aprendizagem de que o tempo vem ou eu o faço vir a mim.

Veio a sensação de que devo ter o tempo sob controle.

(…)

Veio o momento de criar planos na linha do tempo.

(…)

 Estudar, trabalhar, casar – foi nessa análise do tempo que iniciaram meios questionamentos sobre a existência.

Os questionamentos vieram, o caminho para as respostas também veio, mas minha relação com o tempo ainda está aqui em mim. É sempre a mesma coisa.

A mesma sensação…

(?)

O ano chegou, o ano passou.. E eu? O que eu fiz? Quem eu sou com 24, com 25, com 26? Será que estou muito velha para certas coisas? Ou muito nova? Muito velha pra ter meu emprego e morar só? Muito nova para casar e ter filhos? E lá vai o tempo me arrastando, me puxando, me avisando que ele se esgota.

 Num livro da filosofia da consciência de Krishna que estou lendo é descrito que Krishna, Deus, é o tempo e quem entende isso, não teme o tempo. Esta percepção surge da compreensão de que o tempo é, de fato, um olhar sobre a vida. Um olhar da rotina, da vida neste mundo que não extrapola os limites do ser eterno, do não-tempo. Quem compreende Krishna, entende o tempo e entende a insignificância dele diante da eternidade…

Mas não consigo (ainda) fazer tamanha compreensão disto. Vejo-me tantas vezes condicionada nas miudezas do tempo:

*o tempo dos compromissos da agenda,

*o tempo do calendário,

*o tempo do semestre da faculdade,

*o tempo do carnaval, São João e Natal,

*o tempo do sobrinho que já não é mais um bebê,

*o tempo do corpo da mãe que envelhece…

E este tempo me assusta, me espanta. Acho que na experiência que vivi no seminário, uma das coisas que mais me marcou foi que a rotina que havia lá dentro (e a não possibilidade de acessar os meios de comunicação rotineiros) me fazia deslizar no tempo sem sentir sua presença. E nesse deslize vivi alguns “deslumbres” do que pode ser a tal eternidade.

O que farei com você, tempo?!

 Como aniquilá-lo da minha mente?!

 Como sair de suas linhas? !

Como esquecer sua presença no meu corpo, nos meus desejos, nas minhas realizações?!

São só essas respostas que eu queria agora….

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